segunda-feira, 12 de novembro de 2007




A tecelagem é milenar; acompanha o ser humano desde os primórdios da civilização. Está identificada com as próprias necessidades do Homem, de agasalho, de proteção e de expressão.

São fibras de algodão, de lã, de linho, fiadas e tingidas por processos manuais, que nos teares, através das mãos do Artista, se unem em cores e formas.

A tecelagem utilitária evoluiu na tecnologia, e a de expressão procurou os caminhos naturais. Aí as tramas e as urdiduras se entrelaçam para dar forma ao pensamento e à intuição.

Saber tecer e tingir fios de fibras naturais são conhecimentos que se mantém a séculos e acompanham a humanidade desde sua origem. Por necessidade, a tecelagem firmou-se no Brasil Colônia, onde produzir tecidos para escravos e gente simples justificava o empreendimento. Houve tempo em que toda casa mineira tinha uma roda de fiar e um tear tosco de madeira. Fazia-se o fio e do tear saiam colchas e roupas para a família. Enquanto teciam, as mulheres iam nomeando suas tramas de acordo com o desenho: Daminha, Pilão, Escama, Dados, Sem Destino ou até mesmo com os os nomes das artesãs que as criavam. Com as tramas nascia o pensamento abstrato e é por isto que, até hoje, tecer significa pensar. Suas técnicas consagradas pelo tempo não são restritivas, mas sim, abrem infinitas possibilidades de resultados, desafiando a criação.

A HISTÓRIA DO TEAR NO BRASIL

Para falarmos da história do tear no Brasil, Temos, necessariamente, que falarmos da própria ocupaçãoção do solo brasileiro, possibilitado pela penetração das capitanias e pelos ciclos de extração, notadamente o do ouro nas Minas Gerais no século XVIII.
Minas Gerais foi a região brasileira que mais absorveu a arte de tecer manualmente e desenvolveu características próprias, porém conservou a tradição trazida pelos colonizadores portugueses. Tal influência marcou de forma fundamental o povo dessa região e formou uma cultura própria e peculiar: a do "caipira". Através do Tear fez-se possível a confecção de roupas tecidas em algodão e lã, as quais serviam para a lida no campo e até mesmo para os dias de festa. A atividade de tecer era inteiramente rudimentar, começando pelo plantio do algodão cru e ganga, que, depois de colhido, era descaroçado num descaroçador manual, cardado e fiado. O tingimento dos fios se dava pela utilização de cascas e raízes, dentre elas o Anil (azul), a Sandra d'água (vermelho) e a Caparosa com pau-brasil (preto), entre outras.

Na atualidade, a tecelagem enriquece a produção cultural do Brasil, desenvolvendo linguagem própria e atuando com grande expressividade; a tecelagem transcende a mera artesania e se insere conceitualmente na manifestação da arte popular contemporânea. Ela ainda mantêm seu caráter interativo com as linguagens artísticas, sem abandonar a rica relação entre o saber fazer e o saber pensar.

Em nossos dias, continuamos com as etapas na produção de nossos tecidos, quais sejam: obtenção, fiação, tingimento, preparação do urdume e tramagem e, finalmente, tecelagem.